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Convoque seu buda

Criolo em Convoque seu buda nos apresenta um universo onírico, de sonhos em corrosão, como convites à uma deriva, sem GPS para a vitória, sem escada de degraus fáceis e com pedras no caminho, pedras nas trilhas da escalada. A capa e contracapa da edição especial em Vinil 180g conversa com a diversidade e a cor das condições de existência do brasileiro marginalizado, de outras culturas minoritárias, e nos convida à um olhar atento para ruínas cotidianas, olhares… no brinquedo de pneu que gira… na orquídea que mimetiza um predador, no rosto humano que observa… lago primordial de convocações para a prática da esquiva de esgrima, não tão coincidentemente: título da segunda faixa do álbum. Convoque seu buda é um disco que evita o aroma da morte, vislumbres. Nas estruturas fraturadas do colonialismo vivo, grilo negro faz sua sorte e o sonho não é doce… é fermentado com pranto, e, mesmo sem o plano de voo na oitava faixa, Criolo apresenta refúgios também, lá dentro do encarte. Modos de vidas resistentes, inovadores, mais naturais, intuitivos…existências possíveis em suas feralidades adaptativas podem provocar pensamentos livres, sem tábuas-mandamentos de formatação, pensamentos esses que nos permita viver mais daquilo que se deseja preservar, mais de um saber empírico de sobrevivência em um antropoceno-tesoura. O disco leva pra ela, não, espera, leva pra frente que se cada ação um processo e para cada cultura um comércio, por de trás da cortina de fumaça, vinagre é que mata a sede, manifestamos, assim, como insetos, seres não humanos que por vezes mais existem mais que nós mesmos, um refúgio na experiência de viver a diversidade na solidão, afinal a metamorfose é um efeito colateral de fases no ciclo da vida, mesmo quando praga. Na medida que o álbum se inicia há a indignação, o escancarar de um abismo social, ignorante… “mamãe de todo mal”. Ao passo que se estabelece outros espaços que evocam uma historicidade ainda viva, fermenta a vivência com farinha e cachaça, e toma forma da navegação e deriva que demanda ouvir… olhar nos olhos. Convoque seu buda é uma mandinga pro terror, em recusa, Criolo, dirige uma nave que abre caminhos para uma multidão.

Maria Carolina Alves

é licenciada e Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia e mestranda bolsista (CAPES) em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação pela mesma universidade. Participa do UIVO - Matilha de estudos em criação, arte e vida (UFU), e do @amplianarede vinculado ao PROGRAMA CIÊNCIA NA ESCOLA - Ensino de Ciências na Educação Básica (MCTIC e CNPq). Possui interesse na filosofia da diferença e em pesquisa narrativa, quanto escrita-evento, e na investigação dos aspectos que compõe a interação e uso social com as tecnologias digitais e mídias, e seu impacto em aspectos da Educação e formação de professores.

@maria_alves_carolina

Criolo - Convoque seu buda

Terceiro álbum de estúdio do cantor e compositor Criolo com direção artística de Denis Cisma, design gráfico de Lucas Rampazzo e imagens da coleção gratuita do Rijk Museu de Amsterdã. As composições criticam o consumismo, a ostentação, a situação dos moradores de rua e as condições de vida do brasileiro. Na música que dá nome ao LP, Criolo faz um apelo: “Nin Jitsu, Oxalá, Capoeira, Jiu Jitsu, Shiva, Ganesh e Zé Pilin dai equilíbrio ao trabalhador que corre atrás do pão”. O disco tem 10 faixas e 40min30s de duração.

Lançamento2015ArtistaCriolo, com participação de Tulipa Ruiz e Jussara MarçalGravadoraOloko RecordsGravaçãoEstúdio El Rocha (SP) com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo CabralGênerosRap, MPB, afrobeat e hip hopCompartilhar
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