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Curadoria

Nesse momento específico que estamos vivendo, o retorno à escuta de discos de vinil tomou grandes proporções e tem sido notificado em redes sociais e meios jornalísticos.

Entusiastas de todas as idades perceberam que o vinil não é só uma mídia que contém a música, e sim, um universo de informações e sensações. O disco de vinil torna-se nesse contexto,

um objeto artístico e elemento afirmador de uma culturaBARTMANSKI, D; WOODWARD I. G.; The vinyl: The analogue medium in the age of digital reproduction. Journal of Consumer Culture, 2013, p. 1-25.

Embora o número de pessoas que cultuam o vinil esteja cada vez maior, os dados acerca desse universo são dispersos, o que dificulta a busca por informações precisas acerca da história dos discos, dos artistas e da produção das capas e encartes.

Assim, nos motivamos a produzir um espaço que pudesse reunir em um único local essas informações, a partir do objeto in loco e de depoimentos de pessoas que vivenciam esse universo do vinil.

Pensamos em um museu do disco.

Um museu do vinil.

E Cazuza nos diz: “eu vejo um museu de grandes novidades”.

Idealizamos o Museu Virtual do Disco de Vinil, no intuito de democratizar o conhecimento sobre a história da música brasileira e dos discos de vinil. Um museu virtual de amplo acesso público que mescla pesquisa documental, cultura e arte, para todos.

Um museu que desperta paixão.

Paixão pela música brasileira, pela nossa história, e pelos artistas que contribuem para a constituição do patrimônio cultural imaterial do nosso país.

Tudo na cultura do vinil pode ser de interesse público para acesso a esse patrimônio: os títulos, as faixas das músicas, o som característico do long play, as informações da produção do disco, os dados da gravadora, a cor do vinil, o cheiro, o design gráfico, o disco-objeto em sua versão  tridimensional, o elenco de capistas, discos raros de primeira prensagem, os encartes, as letras das músicas, a ficha técnica, e a capa.

Estudar as capas de discos não se limita apenas ao campo técnico formal e de impressão mas revela traços da cultura e do consumo visual de uma época. Os discos de vinil foram largamente consumidos a partir dos anos 1950 se tornando um produto de relevância na cultura de massa. Várias capas se tornaram símbolo representativo da sua época, trazendo influências diretas à cultura visual do tempo em que foram consumidas. (…) Muitas capas são encontradas apenas nas mãos de colecionadores, em sebos e feiras, o que demonstra o fator de popularização desse material. REIS, S. R.; LIMA, E. L. O. C.; LIMA, G. C. Memória gráfica brasileira – da memória ao efêmero: o caso das capas de discos de vinil. Anais do 7o Congresso Internacional de Design da Informação, CIDI 2015, 2015, p. 1-6.

Além da raridade de alguns discos agregar valor ao vinil, há um mercado crescente para a troca e venda de LP’s, em grupos nas redes sociais e por meio de lojas digitais. Ao se colocar um produto nesses espaços de negociação, a história do disco é disseminada a esse pequeno número de interessados.

O vinil proporciona uma experiência mais concreta numa era do intangível (streamings). No ato de consumir música, uma vez que a fisicalidade do disco de vinil tem um potencial de facilitar a interação entre a pessoa e o disco, conseguindo apelar aos sentidos de um indivíduo. O disco de vinil consegue apelar aos sentidos pois tem a componente visual pela unicidade do formato, pela facilidade de identificação visual e ainda pelo fato de se ter tornado uma tela para as artes de capa com design memoráveis; o material, a textura, e o peso dos discos leva o consumidor a avaliar o produto a nível tátil; e ainda pode apelar pelo cheiro uma vez que o disco de vinil possui o seu cheiro peculiar. HARADA, I. B. O retromarketing na indústria musical: o regresso dos discos de vinil. Dissertação de mestrado em Comunicação e Gestão de Indústrias Criativas. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, Portugal, 2019, p. 110

As capas dos discos de vinil se inserem na cultura brasileira e contam fatos da nossa memória coletiva. As capas e os discos de vinil fazem parte da história e se configuram como patrimônio artístico, dado que

o disco de vinil, é um dos principais meios de veiculação da literatura brasileira.CUNHA, M. A. M. A canção move o mundo: os encartes dos discos de vinil. Revista Científica do UniRios, v.1, n. 16, 2020, p. 1-12.

Ao propor o Museu Virtual do Disco de Vinil, entendemos que

(…) um museu pode ser compreendido como um dicionário das práticas humanas apresentadas por meio dos artefatos/objetos produzidos que, por adquirirem significado no contexto sociocultural, passam a representar os modos de existência de indivíduos e grupos através do tempo, tornando-se, por fim, patrimônio cultural, GOMES, C. R. A. S. Do “fato museal” ao gesto museológico: uma reflexão. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul , Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Curso de Museologia , Porto Alegre, BR-RS., 2013 . 50 p.

O acervo do Museu Virtual do Disco de Vinil é constituído por filmetes sobre as capas dos discos de vinil, distribuídos nas seguintes categorias: fotografia & ilustração; censurados & polêmicos; natureza; e religiosidade. Essas categorias foram idealizadas devido às histórias de diversas capas e ao conceito que se vincula ao vinil. Os filmetes foram produzidos tendo como base a arte da capa do vinil, a história do disco, a biografia do/a artista, curiosidades sobre a produção, tiragem e prensagem, as músicas que fazem parte do lado A e do lado B e detalhes sobre o encarte.

A curadoria é provocadora no sentido de

despertar a fruição, não somente centrada na imagem, mas em uma experiência, um caminho que leve a pensar a vida, a linguagem da arte, provocando leitores de signos.MARTINS, M. C. Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e Ação. Revista do Departamento de Educação/UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, vol. 14, n.1, 2006, p.9-27.

Assim, imprimimos ao museu as percepções que perpassam os campos da fotografia, da música, da arte contemporânea e da museologia por meio da seleção dos discos e no convite aos depoentes que contaram sua história com o disco de vinil.

Cada áudio/texto foi elaborado a partir de uma singularidade que só foi possível na vivência daquele momento, por aquela pessoa. Ninguém mais no mundo teve a mesma experiência. E isso é de uma autenticidade que transforma o próprio contar, juntamente com as imagens capturadas dos diversos elementos do disco e a sonoridade das músicas, em uma obra única!

Dedicamos esse museu à memória do ilustrador Elifas Andreato e do fotógrafo Januário Garcia Filho

Este é um projeto cultural sem fins lucrativos, o conteúdo do site é livre e irrestrito para consulta pública.

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