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Alucinação

O álbum alucinação do Belchior me marcou muito. Posso dizer que ele me moldou. Não me lembro precisamente de quando conheci mas foi no final da minha adolescência. Lembro de como ecoou forte quando escutei pela primeira vez que minha alucinação é suportar o dia a dia e que meu delírio é experiência com coisas reais. Eu nunca mais esqueci.

E essa poesia anda comigo por onde eu for. Então fui escutar o álbum inteiro. Conhece-lo e senti-lo. Senti o álbum todo. Ouvi que viver é melhor que sonhar e que o amor é uma coisa boa. Entendi que esse álbum de 1976 é um álbum precioso na história da nossa música. Ele é revolucionário. O relato de um brasileiro sobre o Brasil, sobre o interior de si e o interior do país. O pedido de Belchior de que precisamos todos rejuvenescer é um pedido atemporal. Precisamos mesmo nos rejuvenescer. Porque o que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo, e o passado é uma roupa que não nos serve mais. Além da estética poética tem também a estética da capa do disco que é belíssima. Vibrante em cores, forte. Um retrato do compositor com um semblante profundo, de os olhos fechados num fundo azul, dando um contraste muito bonito na composição do fotografo Januário Garcia. Com esse álbum também aprendi a não cantar a vitória muito cedo não. E que palavra e som são meus caminhos para ser livre e tento continuar essa liberdade. Humildemente eu posso me considerar um sujeito de sorte por ter essas canções para me acompanhar vida afora. Essa obra de Belchior me parece também um retrato muito atual da sociedade brasileira. Porque se você me perguntar por onde andei no tempo que você sonhava de olhos abertos, eu lhe direi que eu me desesperava. Ainda bem que eu trago de cabeça uma canção do rádio. Em que o antigo compositor baiano dizia que tudo é divino, tudo é maravilhoso.

Tatiana Vilarino

é poetisa, cantora e entusiasta das novas fontes de energia alternativa, e neste contexto, escolheu o hidrogênio via água. Pessoa que escreve a tatear os sentidos.

@tatiares

Belchior - Alucinação

É o segundo álbum de estúdio do cantor e compositor Belchior com todas as músicas de sua própria autoria. A fotografia é de Januário Garcia e arte de Nilo de Paula. O disco conta com diversos sucessos que abordam temas como política, amor e juventude em 10 faixas e 37min34s de duração que marcaram a história da música brasileira.

Lançamento1976ArtistaAntonio Carlos BelchiorGravadoraPolyGram pelo selo PhilipsGravaçãoEstúdio Phonogram/16 canais com produção de Marco MazzolaGênerosMPBGallery Location34th Ave, Queens, NY 11106Compartilhar
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