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Todos os Olhos

Tom Zé é Tão Zé… 

Deu até no New York Time, que o Baiano da pequena Irará é o pai da invenção, pois sabe muito bem misturar o erudito moderno com toda tradição popular, traduzindo tudo de forma acessível, apesar de parecer estranha ao primeiro olhar, ou seja, sabe confundir para explicar…

Todos os seus discos merecem uma agulha, mas agora vamos voltar a atenção para aquele que se pede para ser visto, revisto, reparado, olhado de cima em baixo e de lado.  Sim, estamos falando de Todos os Olhos.

Na capa, criada por Décio Pignatari, um grande olho te encara, te olha no olho.  Em Todos os Olhos.  Abrindo a capa, é a vez do poema visual “olho por olho” do poeta Augusto de Campos, te olhar da cabeça aos pés…

Os observantes olhos de Tom Zé vão botando reparo pelos mais diversos temas, através das músicas do disco.

Na própria Todos os Olhos, os olhos do artista se voltam contra ele próprio, esperando que ele seja o herói, mas ele é inocente, enquanto que na música Complexo de Épico o olhar se volta aos compositores brasileiros, mandando eles serem sério assim lá no inferno!

A cidade também é alvo desses olhares.  As ruas Augusta, Angélica e Consolação se confundem aos nomes das mulheres das aventuras amorosas…  Já em Botaram tanta Fumaça, Tom Zé já cantava que o tanto de lixo e fumaça botado na consciência da cidade, estavam a adoecendo.

Os olhares do artista também vasculharam A Noite do Meu Bem, impondo uma inebriante versão da genial música de Dolores Duran…

Os olhos do Odair Cabeça de Poeta, se unem aos de Tom Zé, para darem vozes aos amigos Dodo e Zezé, que questionam e filosofam sobre escolhas, vidas, felicidade e infelicidades…

Já os olhos do poeta Augusto de Campos também o ajudam a procurar, CADEMAR?  ÔÔ cadê?  Cadê mar ia que não vem… 

Cadê?  A busca do amor é retomada na música Quando eu era sem ninguém, ô cadê, cadê você? 

Logo, Todos os olhos se voltam para a Brigitte Bardot, que com o passar dos anos está perdendo o pedestal dos nossos sonhos, que agora querem pedir divórcio…

A musga Um Oh e um Ah fecha o disco de forma enigmática, mas quando você assiste ao seu vídeo clipe, vê o pai da invenção sentando em bocas gigantes, que se inter-relacionam ao riso e dente, companheiros dos olhos na cara, que só adormecem no furacão da canção O Riso e a Faca…

Tão Zé é Tom Zé…

Marcus Tulius Morais

é produtor cultural no Fundinho Festival, tocador de disco no merece uma agulha, desinfluencer digital e outras mais coisas...

@merece_uma_agulha

Tom Zé - Todos os Olhos

Álbum do cantor e compositor Tom Zé. A criação da polêmica capa é de Décio Pignatari e Francisco Eduardo de Andrade com layout e arte-final de Marcos Pedro Ferreira e fotografia de Reinaldo de Moraes. O poema visual da capa interna é de Augusto de Campos: “Olho por olho” de 1964. O disco tem 12 faixas e 35min59s de duração.

Lançamento1973ArtistaTom ZéGravadoraContinentalGravaçãoGrupo Capote com produção de Milton JoséGênerosMPBCompartilhar
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